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quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Manel e a conspiração dos peixes, 2ª parte
Como vos tinha dito ontem, estive na Biblioteca Esquecida dos Assuntos Submersos à procura de uma explicação para a conspiração dos peixes.
Na recepção falei com o Sr. Eliseu, bibliotecário extraordinário, e expliquei-lhe a minha situação.
- Boa tarde Sr. Eliseu. Como está? Os caranguejos voadores continuam a dar-lhe problemas?
- Hrm. Bah. - Resmungou o ancião, antes de desencostar o nariz do livro de registos - Que praga, meu jovem. Demorei quase dois anos para conseguir livrar-me das Cnidaria Scyphozoa Cantanti e agora tenho as prateleiras cheias destes Callinectes Sapidus Volitans que só querem saber de livros sobre "pensamento lateral".
- Realmente... Alguma coisa que eu possa fazer?
- Não, não. Hrm. Isto há de se resolver. - Respondeu com um ar sereno, antes de se levantar bruscamente, dar um valente murro na mesa e gritar com todo o poder dos seus pulmões - SEUS MARGINAIS!
Durante alguns segundos o Sr. Eliseu ficou ali, parado como uma estátua, de punho erguido aos céus e uma expressão de fúria no rosto, cujas rugas despertavam memórias de um o mar revolto numa noite de tempestade.
- Hrm. Mas diga lá, meu jovem. O que trás por cá? - A fúria desapareceu tão rapidamente quanto apareceu.
- Bom. Sabe. Acho que existe uma conspiração de peixes contra mim.
- Ah, sim? E porque é que diz isso?
- Porque, ao contrário das outras pessoas, nunca consigo comer peixe sem cravar espinhas nas gengivas. A conclusão é irrefutável.
- Hrm. Acho que já li qualquer coisa sobre isso... Só um momento.
Num piscar de olhos, o Sr. Eliseu deslizou como uma enguia entre uma parede de estantes e o que parecia ser um enorme ídolo pertencente a uma qualquer civilização esquecida.
Enquanto esperava, distraí-me a observar o que faziam os restantes clientes da biblioteca.
Junto à proa de um colossal navio onde se lia o nome "Argo", o deus assírio-babilónico Dagon e o Adamastor riam-se a bandeiras despregadas enquanto trocavam excertos de H.P. Lovecraft e Camões. Um pouco mais perto, dentro de uma garrafa de rum poisada na terceira prateleira de uma estante feita de coral, o Neils Olgerson contava histórias da sua maravilhosa aventura a um liliputiano gordo e claramente cheio de sono.
- Aqui está, meu jovem. Hrm. - Disse o Sr. Eliseu, enquanto me entregava cinco volumes escritos numa língua estranha.
- Muito obrigado. Mas eu não ser ler esta...
- Balquinaquês.
- Isso. Não sei ler balquinaquês.
- Não se preocupe. Hrm. Aqui está um dicionário Balquinaquês-Português.
Munido de toda a informação necessária, entreguei-me à árdua tarefa de decifrar os livros que me foram entregues. Naturalmente, comecei pelos títulos, não só porque estava curioso sobre a identidade daqueles tomos ricos em conhecimento, mas também porque sou preguiçoso e só tinham uma palavra cada um.
Consultando o dicionário, decifrei rapidamente o primeiro título:
"aprende"
O segundo:
"a"
O terceiro:
"usar"
O quarto:
"os"
E finalmente o quinto:
"talheres".
FIM
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