segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Rabiscos ao calhas

Depois de ter incluido o esboço do meu sonho no último post, lembrei-me que no blog anterior tinha começado a publicar com (alguma) regularidade o que chamei de "Rabiscos ao jantar".

Como expliquei na altura, sou um rabiscador compulsivo de toalhas de papel. Não resisto a escrevinhar gatafunhos na superficie branca das mesas dos restaurantes.

Grande parte das vezes (a maior, aliás) o resultado é pouco famoso, mas, de vez em quando, lá vão saíndo bonecadas minimamente aceitáveis.

Mas depois comecei a pensar que a ideia dos "Rabiscos ao jantar" era um pouco limitada. O que fazer aos rabiscos feitos durante o almoço (especialmente tendo em conta que almoço fora mais vezes do que janto)? E durante o pequeno-almoço ou lanche? E os feitos no meu caderno durante as reuniões de trabalho?

Por isso, desta vez resolvi adoptar o tema "Rabiscos ao calhas". Não só porque podem ter sido feitos em qualquer lado, mas também porque podem ter sido feitos em qualquer altura. Ou seja, vão aqui aparecer bonecadas de ontem, da semana passada, do mês passado ou de há vários anos.

Aqui fica um relativamente recente.

Feito durante o almoço, há algumas semanas atrás.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Sonho de uma cidade

Ora bem, voltemos então ao sonho.

Como vos disse antes, passei a noite toda a entrar e a sair de sonhos sem que tivesse tempo para me ajustar. Fechei os olhos e...

WHAM! KRAKAAAAA-POW! KRRRRPUUUM! Estou no meio de uma tempestade. A chuva cai torrencialmente através da noite e atinge-nos como um jacto de água. A única luz que temos é a dos relâmpagos que ocasionalmente rasgam o céu.

Olhando em redor, vejo que estou à entrada de uma gruta cujo interior está coberto em trevas. Não sei se está ocupada. Fico à espera de ouvir o rosnar de um animal selvagem, mas não consigo distinguir nada com o estrondo da chuva e da trovoada.

À minha volta está mais gente: dois homens e três mulheres que não reconheço. Todos estamos cobertos de lama da cabeça aos pés. Tudo está cinzento...

Poderá parecer o cenário ideal para um pesadelo, mas a verdade é que não estou com medo. Pelo contrário, estou excitado com a tempestade e o trabalho que temos pela frente.

Alguém grita:

- Então, Manel!? Toca a cavar como toda a gente!

Pondo as mãos à obra, agarro numa pá e enterro-a na lama. É espessa, mas ao mesmo tempo mole e fácil de deslocar, o que facilita a tarefa. De repente já sei o que temos de fazer (aliás, é como se sempre soubesse) e redobro os meus esforços. Estamos a tentar abrir caminho entre uma enorme poça de lama (quase se poderia chamar um lago) e um riacho que corta caminho pela terra mesmo ao lado da caverna.

Após algumas horas de muitas pasadas, finalmente conseguimos e a água escorre rapidamente para o riacho que entretanto já se tornou num pequeno rio de lama cinzenta e detritos variados - um frigorífico, um carrinho de supermercado, um saco de plástico com um peixinho dourado dentro de água, duas rodas de bicicleta, vários metros de arame, uma porta, etc.

Nisto, alguém olha para o horizonte e diz:


- Olhem ali. Uma cidade.

E no momento em que uma das mulheres aponta para longe, a chuva pára e as nuvens desaparecem. Continua a ser noite, mas agora estamos iluminados pela lua cheia.

- Aquilo não estava ali antes - Digo eu a olhar para um aglomerado de casas que cresce a olhos vistos junto ao sopé de uma cadeia montanhosa. Primeiro barracas, depois casas, prédios, palácios, torres, maiores e maiores e maiores e maiores...

- Se calhar montaram a cidade enquanto trabalhávamos. - Responde um dos meus companheiros.

- Três mil colonos em duas horas e meia? Não me parece. Que estranho.

Junto à montanha a cidade brilha. Mesmo sem distinguir as pessoas que por lá andam, vejo que tem movimento, que tem vida. Quero ir para lá... mas volto a acordar...

Quando estiver novamente a dormir vou tentar lá voltar.

Fiz um pequeno esboço da paisagem do meu sonho. Espero que gostem.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Noites mal dormidas...

Hoje dormi mal.

Sabem aquela sensação que se tem quando se está quase a adormecer ao volante? Primeiro não conseguimos evitar que as pálpebras cubram os olhos e, depois, acordamos com a sensação de estarmos a cair.

Foi mais ou menos isso que me aconteceu… mas ao contrário. Queria dormir, mas não conseguia.

Normalmente há uma fase de tranquilidade antes de se entrar no mundo dos sonhos. Pelo caminho passamos por um estágio em que ainda estamos cientes da realidade, mas esta começa a ser alterada pelo subconsciente e só depois é que começamos a aceitar tudo o que experienciamos como sendo concreto (mesmo os elefantes voadores, as portas com passagem para o outro lado do mundo, as flores a tocar didgeridoo e outros clássicos).

Esta noite a minha cabeça decidiu que não precisava de todos esses passos e escolheu fazer atalho. Bastava fechar os olhos e os meus sentidos eram de imediato abalroados. A passagem era de tal maneira repentina que acordei repetidamente de sobressalto, como se estive a cair.

Mas pelo meio ainda deu para ter alguns sonhos estruturados (ou algo parecido).

Um deles envolvia uma tentativa de acampar à porta de uma gruta num planeta de outro sistema solar, chuva, lama e uma cidade misteriosa a aparecer de um momento para o outro.

Conto-o mais tarde. Até logo.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Citação do dia

A dar uma vista de olhos pelo «Cão que comeu o livro», o blog de uma amiga que vale a pena espreitar, dei de caras com uma citação de Marx (o Groucho, não o Karl) que adoro e que tenho usado nas mais diversas situações:

«Outside of a dog a book is men's best friend, inside of a dog it's too dark to read».

Genial, não?

Por falar em Groucho Marx, aqui fica a minha citação do dia, pelo mesmo cavalheiro:

«Military intelligence is a contradiction in terms».

Está dito.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Abertura

Já se passaram dois anos, um mês e 25 dias desde que escrevi pela última vez no meu blog anterior (ou será blogue?)…

Tenho pensado muitas vezes em recomeçar, mas sempre que me sento em frente ao PC a minha atenção é desviada para outros assuntos. Não porque os assuntos sejam mais pertinentes ou persistentes, mas sim porque a minha cabeça é impertinente, desobediente e… bem… preguiçosa (de momento, não me ocorre um sinónimo acabado em “ente”).
Acho que o mais difícil é começar…
A experiência anterior teve os seus altos e baixos (mais altos que baixos) e acabou por ter um peso inesperado na minha vida. O blog foi peça fundamental de algumas escolhas que fiz na altura e ajudou-me a perceber muito sobre mim próprio e a minha relação com os outros. Não estava à espera, mas assim foi.

É engraçado o que nos apercebemos através da escrita. Pode ser fascinante, assustador, elucidativo, ou tudo ao mesmo tempo.

Enfim. Com o tempo fui-me desleixando até que simplesmente deixei de escrever no blog. Agora, estou aqui sentado, hesitante, a teclar algumas palavras na esperança de fazer com que a minha mente se deixe de merdas e acorde novamente.

Ainda pensei em começar este blog com um tema específico (cinema e BD), mas… bah!… Vai ser sobre o que me der na gana. Hei-de falar sobre cinema, BD, política, ciências, comida ou o raio que o parta (não necessariamente nesta ordem).





Até já.