sábado, 30 de junho de 2012

Olho no olho (da câmara)

 Já é tarde e estou com sono. O João Pestana acabou de passar cá por casa e despejou o conteúdo de uma camioneta de pó de sonhos em cima da minha cabeça, o que está a tornar muito difícil a tarefa de escrever qualquer coisa aqui no blogue.

Enquanto os meus se encerram com o peso da promessa de bons sonhos, deixo-vos com os olhos bem abertos da minha Inês (os quais tenho a sorte de poder ver todos os dias, ao vivo e a cores).

Se olharem com atenção, podem ver o meu auto-retrato no reflexo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Barcos a passar, nº2

Anteontem, quando voltava do trabalho, estava a decorrer uma regata no Tejo. À partida não seria nada de novo. Afinal, há regatas no Tejo quase todos os dias. Mas desta vez o vento estava invulgarmente intenso e frequentemente parecia que os barcos se iriam virar com a sua força.

Estava uma luz esquisita (muito forte), um céu denso (mas não completamente nebulado) e a minha tele-objectiva é algo limitada à distância a que eu estava. Isto para dizer que não gosto nada do resultado destas fotos, mas achei que seria engraçado colocá-las aqui porque foi ao assistir a esta cena que tive a ideia para a história "O homem de metal e a mulher numa caixa de vidro", que publiquei anteontem.


sábado, 23 de junho de 2012

O homem de metal e a mulher numa caixa de vidro


Esta é a história de Zeferino Xavier de Almeida, contra-almirante da Marinha Portuguesa e prolífico inventor do século XIX, vítima trágica dos segredos escondidos abaixo das ondas do mar.

Zeferino era um homem inteligente, dedicado às ciências e apaixonado pelo conhecimento. Mas era, ao mesmo tempo, um homem de acção que amava a vida no mar quase tanto quanto amava a sua mulher, Maria Helena. Na sua função de contra-almirante, era admirado pelos homens que o serviam e respeitado pelos seus superiores, não só pela sua perícia e coragem, mas também pela sua capacidade intelectual e hombridade.

Quando estava de licença, Zeferino gostava de levar Maria Helena a velejar. Abordavam o pequeno veleiro que tinham atracado no porto de Lisboa e partiam só os dois em longos passeios ao longo da costa. A vida corria bem ao contra-almirante e à sua esposa. Até que, certo dia, numa altura em que o clima estava especialmente calmo, algo se passou num passeio junto à costa do Estoril.

Zeferino foi encontrado numa praia, sozinho, ferido, quase afogado e com as roupas rasgadas. De Maria Helena, não havia sinal.

Ninguém percebia como teria sido possível terem naufragado num dia como aquele e o relato oferecido pelo oficial não satisfazia as autoridades que começavam a desconfiar de actividade criminosa. Mais concretamente de homicídio, levado a cabo por uma mente claramente perturbada: a de Zeferino.

Segundo o náufrago, o barco tinha sido atingido por algo de proporções colossais, um vulto na água que sacudiu a embarcação de forma violenta, fazendo Zeferino e Maria Helena cair no convés. Ao segundo embate, grandes pedaços do casco foram projectados no ar numa enorme coluna de água acompanhada por um cheiro fétido e nauseabundo. De imediato, o mar invadiu o interior da embarcação através do casco destruído, levando-a a inclinar-se perigosamente a bombordo.

O casal tentou manter-se agarrado ao convés e à vida, mas não havia nada a fazer. Em menos de nada, todo o navio estava submerso. Zeferino e Maria Helena sacudiam os pés freneticamente, não só para se manterem à tona de água, mas também numa tentativa inútil de afastar a criatura que eles sentiam a mover-se na escuridão das profundezas.

Naturalmente, ao ouvir este relato, os investigadores e os médicos estavam já convencidos de que o contra-almirante tinha perdido a razão. A sua mente fora certamente apoderada pela loucura. Mas a narrativa ainda não tinha terminado. Mesmo percebendo que a verdade era demasiado assustadora para que alguém acreditasse nela, Zeferino continuou a sua terrível descrição.

Combatendo o pânico, Zeferino e Maria Helena procuraram agarrar-se aos destroços que ainda boiavam à sua volta. No entanto, esse esforço foi em vão. De repente, tanto o oficial como a sua amada sentiram os seus pés a serem agarrados e foram sugados para o abismo.

Dentro de água, enquanto lutava para se libertar, Zeferino conseguiu ver que o que o agarrava era na verdade um "homem" sem pelo, com grandes olhos negros e uma boca assustadoramente larga, atrás da qual se adivinhava uma fileira de dentes afiados. A alguns metros de si, Maria Helena era também puxada por dois destes homens-peixe que a tentavam colocar dentro de uma estranha caixa de vidro.

Mais longe, viu ainda um enorme polvo a afastar-se e, atrás dele, algo que fez Zeferino gritar e perder todo o ar que tinha nos pulmões. Não era possível, mas ali estava. Entre as rochas no fundo do mar, brilhavam e cintilavam as luzes de uma enorme cidade submersa... e viva.

Sem oxigénio, Zeferino acabou por perder os sentidos e só voltou a recuperá-los quando já se encontrava no hospital.

Se por um lado as autoridades não acreditavam na história mirabolante do contra-almirante, por outro não tinham quaisquer provas para o condenar. Zeferino foi liberto e rapidamente afastado das suas funções de oficial.

Mas ele não queria saber da Marinha. Tudo o que lhe interessava agora era encontrar aquela cidade no fundo do mar e recuperar Maria Helena das garras dos homens-peixe.

Durante meses, fechou-se numa oficina que comprara junto ao Tejo e só de lá saiu quando a sua obra estava terminada. Todos lhe chamaram de louco, mas Zeferino não hesitou e lançou-se ao mar na sua mais recente invenção: um submarino com escafandro, devidamente equipado para fazer frente a qualquer monstro das profundezas.

Foi numa manhã ventosa que Zeferino se fez ao mar. Uma pequena multidão de curiosos assistiu à sua partida, observando a peculiar embarcação desaparecer gradualmente na espuma das ondas.

Nunca mais alguém o viu.

No entanto, ainda hoje surgem relatos de marinheiros que vêm estranhas luzes na água junto à costa do Estoril. Muitos desses marinheiros admitem também terem sido assombrados por incríveis sonhos sobre o fundo do mar. Sonhos sobre um homem em feroz batalha contra as hostes do abismo. Sonhos sobre um homem de metal e uma mulher numa caixa de vidro.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Deslocação matinal de um ser quântico

A esta distância não é perceptível, mas estas linhas de sombra são estradas de informação ultra-rápidas percorridas ininterruptamente por minúsculos seres quânticos (ora estão cá, ora não estão) sempre atarefados na suas deslocações trabalho/casa, casa/trabalho.

O Sr. Qlct' Ptrt, por exemplo, vê-se obrigado todos os dias a utilizar a via mais congestionada para chegar ao escritório, uma comuta que demora uns intermináveis 0,00000012 nanosegundos, mas que lhe permite apanhar a Corrente Telepática Oriental das 5h55m55s. Com essa injecção de velocidade adicional, o Sr. Qlct' Ptrt ainda chega a tempo de relaxar por uns momentos e apreciar a deslumbrante vista que só é possível obter às 6h00 em ponto a partir da 13ª onda do primeiro raio de luz reflectido no 52º parafuso da segunda torre da Ponte 25 de Abril.

(Esta é uma foto da Escultura Habitável instalada no Jardim das Oliveiras do CCB, em Lisboa)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Auto-retrato na sombra, nº4 (ou "Como quase perdi a sombra")


Hoje quase perdi a minha sombra.

Esta manhã, cheguei ao Jardim das Oliveiras, descalcei os sapatos, guardei as meias dentro dos respectivos sapatos (meia direita no sapato direito, meia esquerda no sapato esquerdo) e plantei os meus pés na relva. Estava eu tranquilamente a apreciar a frescura das pequenas folhas entre os dedos, quando, de repente, tive a sensação de estar a ser observado.

Olhei à minha volta, mas não havia vivalma no jardim. Os únicos olhos visíveis nas proximidades eram os das gaivotas que sobrevoavam o CCB e os das estátuas do Padrão dos Descobrimentos, que estão sempre virados para o rio.

De qualquer forma, não parecia ser aquela sensação que os heróis dos filmes policiais têm quando estão a ser seguidos na rua (vocês sabem qual é: "I think we're beeing followed. Let's shoot the bastard!"). O que estava a sentir era algo mais amplo do que um par de olhos fixados em mim. Era algo que parecia vir de todos os lados e especialmente... de baixo.

De súbito, a relva por baixo dos meus pés começou a aquecer. Primeiro era um calor suave, agradável, mas a temperatura continuou a subir, a subir, a subir e rapidamente parecia que estava na praia a pisar a areia aquecida pelo sol.

Enquanto saltitava no relvado ("ui, ai, ih, ah, ui ui ui ui!") numa tentativa de evitar queimaduras nas plantas dos pés, não me apercebi que a minha sombra tinha ficado para trás. Só quando já estava em aparente segurança pendurado no ramo de uma oliveira é que fiquei com a sensação de me ter esquecido de qualquer coisa ("Terão sido as chaves? Ou o telemóvel? Não, tenho tudo nos bolsos...").

Alguns metros mais atrás, a minha sombra estava presa no que parecia ser uma teia de sombras projectadas por coisa nenhuma. O chão deformava-se em consonância com a teia em resposta aos movimentos aprisionados da minha sombra. Mais à direita, em direcção a esta cena, movia-se uma silhueta de forma indefinida que emitia um som arrepiante, como ramos de uma árvore morta a raspar nas telhas de uma casa abandonada.

Saltei da árvore para o imenso verde escaldante, num movimento digno de um Ninja, e corri em direcção àquela estranha rede de sombras. Como seria de esperar, o meu momento de ninjísse foi rapidamente compensado por um de trapalhice (também conhecida por Manelíce) e estatelei-me ao comprido. Ainda a cuspir relva, voltei a levantar-me entre tropeções e atirei-me para o limiar da teia, numa tentativa de agarrar os pés da minha sombra que esperneava desesperadamente.

A silhueta tenebrosa aproximava-se. Os meus dedos quase conseguiam alcançar a minha sombra, mas a teia tornava os meus braços pesados e incapazes de completar a distância que nos separava. O som arrepiante cada vez mais próximo, mais próximo, mais próximo...

"Só mais um bocadiiiiiinhoooo", gritei enquanto esticava todo o meu corpo mais alguns milímetros.

Nesse derradeiro esforço consegui finalmente tocar-lhe, precisamente no momento em que uma enorme nuvem se atravessou entre o sol e solo. Sem luz, todas as sombras se dissiparam. A minha, a da teia e a silhueta sumiram-se e o silêncio voltou ao jardim.

Quando uma mão cheia de raios de sol voltou a tocar a pele da minha cara, tudo estava como dantes. A relva era fresca. O som era calmo, apenas interrompido pelo barulho dos comboios a passar ali perto. Dos meus pés continuava uma projecção negra de mim próprio, muda e feita só de contornos. Mas agora, na escuridão dessa cópia bidimensional, parecia-me vislumbrar algo escondido, como se houvesse uma fresta microscópica nas fronteiras da minha sombra.



segunda-feira, 18 de junho de 2012

Conversa entre espelhos

Estava um espelho num café a olhar para outro espelho. O outro espelho, sendo ele um espelho também, olhava de volta para o primeiro espelho.

Diz o segundo espelho, "ouve lá, ó espelho! Já me estás a mexer com os nervos. Pára de me imitar!"

(Esta foto foi tirada na Confeitaria Nacional, na Praça da Figueira, em Lisboa)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Entardecer em Lisboa, nº8

Ufa. Isto hoje está muito acelerado.

Normalmente vou escrevendo estes texto nos farrapos de tempo que vão surgindo entre afazeres do dia, mas hoje não está fácil e em vez de farrapos só estou a conseguir apanhar farrapinhos.

Por isso, desta vez deixo-vos só com a foto do dia. Esta foi tirada no Cais do Gás (por trás do Cais do Sodré).

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Entardecer em Lisboa (de bicicleta), nº7

Pouca gente sabe isto, mas existem alguns sítios em Lisboa em que é possível apanhar um ponte de raios de sol. Tem de ser a uma hora muito específica e o local varia conforme a época do ano, o que torna muito difícil encontrá-la.

O fenómeno dá-se no segundo exacto entre o momento em que ainda se vê uma linha de sol no horizonte e o momento em que já não a vemos. É nesse derradeiro instante do dia que podemos pisar o feixe de luz que se estende à nossa frente (se estivermos no local certo e na orientação certa) e deixar-nos levar na ponte de luz. Por ser um momento tão fugaz, a maioria das pessoas não se apercebe quando ela aparece e desaparece. Basta um piscar de olhos de distracção (a pensar em trabalho, dinheiro ou qualquer outro buraco negro da adultísse) e... puf!

...escapou-se.

Se, pelo contrário, concentrarmos toda a nossa atenção no evento então o efeito sonoro é mais parecido com "zooooooooom"! Primeiro partimos em voo a uma velocidade vertiginosa, tão estonteante que a paisagem se transforma num borrão de linhas coloridas. Mas à medida que a viagem estabiliza, começamos a abrandar e a perceber que afinal a ponte é feita de várias cores que seguem por caminhos diferentes.

A partir daí, só nos resta escolher um caminho e ver onde nos leva.

Recentemente, descobri que é mais fácil apanhar a ponte se for de bicicleta.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Aqui há galo"

Diz o povo, quando há qualquer coisa que não está a bater certo e se desconfia de aldrabice, que "aqui há gato".

Mas hoje pus-me a pensar nesta expressão (sim, também o faço vez em quando, apesar de nem sempre correr bem) e cheguei à conclusão de que, em Portugal, neste momento, não faz muito sentido. Portanto sugiro que se altere a título provisório a frase para "aqui há galo".

"Porquê?", perguntam vocês.

1º - Porque já passámos muito além da desconfiança e atingimos a certeza absoluta. Não só sabemos que a aldrabice é um empreendimento de grande sucesso, como sabemos muito bem quem são os seus empreendedores (muitos deles são grandes apreciadores da palavra "empreendedorismo");

2º - Porque chamar "gato" a qualquer um desses indivíduos é um insulto a qualquer felino, até para o gato zarolho e sarnento que invade a casa da D.ª Almerinda todas as semanas para lhe roubar o queijo e mijar no naperon que está em cima da TV;

3º - Porque existe um Galo de Barcelos e não existe um Gato de Barcelos (ou de seja o que for);

4º - Porque, como diz um amigo meu, às vezes dá vontade de dizer "é preciso ter galo para nascer em PortuGalo".

E com esta conversa sobre galos, deixo-vos com algumas destas aves galiformes, habitantes do jardim do Campo dos Mártires da Pátria, em Lisboa.

(Esta última é uma galinha, claro).

terça-feira, 12 de junho de 2012

Last one standing

O dono virou-se para o cão e disse: "Deita!"

Estas cadeiras não perceberam que não era com elas e atiraram-se prontamente para o chão.

Mas uma delas ficou de pé e as outras perguntaram-lhe: "Porque é que não te deitaste quando o dono mandou?"

E a cadeira que ficou de pé respondeu: "Perdão? Desculpe, tem de falar mais alto. Sou surda de um ouvido".

(Tenho a certeza de que há uma lição de moral qualquer escondida nesta história, mas ainda não descobri qual é...)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Auto-retrato num retrato

Então, esta funciona assim: o meu sobrinho Rafael (o miúdo traquinas na imagem) tirou-me uma foto, virou o mostrador da máquina para mim e eu tirei uma a ele ao mesmo tempo que fotografava o meu próprio retrato.

Portanto, este é um retrato do Rafael, com um retrato de mim próprio. Logo, é também um auto-retrato, apesar de não ter sido eu a retratar o retrato inicial. Será um auto-retrato num retrato, um retrato num auto-retrato, ou um retrato de um auto-retrato?

...estou baralhado...

sábado, 9 de junho de 2012

Quebra correntes (ou "Otelo, o Super-Cão")

Podia ser um gato, mas não é. O pequeno animal nesta foto é um cão (chamado Otelo, em referência à peça de Shakespeare). Bom, dizer que é um mero "cão" é muito injusto, porque na verdade o Otelo é o Super-Cão!

Apesar do seu tamanho diminuto, o Otelo é capaz de quebrar as mais fortes correntes, saltar os muros mais altos e de levar a cabo as mais espantosas façanhas. Por exemplo, o último buraco que fez para esconder ossos era tão grande que chegou para acondicionar um Tiranossauro (inteiro), a roda de um autocarro (que ele tinha seguido nessa mesma manhã), a banca de jornais do Sr. Joaquim (o dono pediu-lhe para apanhar o jornal, mas esqueceu-se de dizer que estava em cima da cómoda), um frigorífico (a funcionar), um gerador (para alimentar o frigorífico), um sofá, uma dúzia de bolas de tipos variados e um patinho de borracha daqueles que apita quando o apertam.

As proezas do Otelo, o Super-Cão, são tantas e tão surpreendentes que seriam necessários vários volumes literários ou mega-produções de Hollywood para lhes fazer justiça. Mas este herói de pequena estatura prefere manter-se longe dos holofotes, não só porque gosta de privacidade, mas também porque no mundo canino um cão misterioso tem mais sucesso com as miúdas do que um cão famoso.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Ponto de fuga (no metro)

Gostava de um dia poder andar a pé pela linha do metro e explorar a escuridão dos túneis que passam por baixo de Lisboa.

Questiono-me muitas vezes sobre onde irão dar as portas e reentrâncias que vemos passar por nós a cento e duzentos à hora quando espreitamos pela janela da carruagem. Muitos estarão prontos para dizer que o mais certo é serem portas de arrecadações ou de acesso a compartimentos técnicos, cheios de botões e luzinhas a piscar que servem para uma ou outra função qualquer.

Eu cá acho que são entradas para túneis secretos que em tempos serviram para transportar materiais ilícitos, como livros proibidos, artefactos mágicos ou esferas de sonhos esquecidos. Ou então são portais para outras dimensões por onde podemos atravessar para a Terra do Nunca, o País das Maravilhas ou as cidades perdidas dos contos de Lovecraft...

terça-feira, 5 de junho de 2012

Plano inclinado

Por vezes, quando vou a subir ou a descer uma rampa, ponho-me a pensar que seria interessante se pudéssemos ficar perpendiculares às superfícies que pisamos, em vez de ficarmos presos ao prumo invisível que nos liga ao centro da terra.

Poderíamos, por exemplo, andar nas paredes e no tecto. Poderíamos escalar a face de uma montanha  enquanto comíamos um pastel de nata ou simplesmente andar por ela sem tirar as mãos dos bolsos.

Iríamos certamente descobrir novas perspectivas e novas maneiras de olhar o mundo.

Esta foto é sugestiva do que quero dizer. Foi tirada ontem à tarde na Doca de Santo Amaro, em Lisboa.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Fotos da minha janela, nº33 / Entardecer em Lisboa, nº6

Esta foto é muito semelhante à primeira "Foto da minha janela" que publiquei aqui no blogue.

Mas gosto mais desta por duas razões. Primeiro porque gosto mais desta luz e segundo por causa das janelas do lado direito que prolongam o horizonte no seu reflexo.

Fiquei na dúvida se a deveria publicar como parte da série "Fotos da minha janela" ou série "Entardecer em Lisboa". Como não me consegui decidir, acabai por usar os dois títulos e pronto. Podemos chamar a isto um crossover.

sábado, 2 de junho de 2012

Jantar à luz das velas (na varanda), nº3


Há duas noites atrás esteve tanto calor que eu e a minha Inês pudemos passar o nosso jantar à luz das velas para a varanda.


A nossa varanda não é muito larga, mas não é preciso muito espaço para um bom jantar a dois. Especialmente quando a lua está quase cheia, a vista é fantástica e a companhia é a melhor que se pode ter.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Barco fora de água


É estranho ver um barco empoleirado em estacas fora de água.

Fico com vontade de tirar as estacas, uma a uma, só para ver se flutua no ar. É o mesmo princípio da velha técnica para voar: primeiro levantamos um pé. Depois, quando já encontrámos o equilíbrio, só temos de levantar o outro e... voilá! Estamos a voar!

Este está na Doca do Bom Sucesso, junto a Belém, e tanto quanto sei ainda tem as estacas todas. Mas pode ser que entre ontem e hoje já tenha levantado voo e partido para Marte.