sábado, 31 de janeiro de 2009

Rabiscos ao calhas (mas pouco) #5

Num desenvolvimento inesperado de eventos, os meus rabiscos ao calhas começaram a dar frutos.

Depois de muitos gatafunhos sem destino feitos no papel de mesas de restaurante, para apenas serem publicados aqui no blog ou guardados numa gaveta, apareceu um com objectivo prédestinado.

Na folha de sala (aquela folhinha que é destribuida à entrada de um espectáculo) de «Palavras de Caramelo», uma peça de marionetas que está agora (até domingo) a decorrer no CCB, aparece o seguinte jogo de diferenças:

Pois é. Depois de verem o rabisco ao calhas que publiquei aqui antes (aquele com a senhora sem pupilas, como assinalou convenientemente a prima Sapinho), deixei que me convencessem de que era também capaz de fazer "um rapaz e o seu amigo camelo".

Como ainda tenho de aprender como é que se diz «não» a pessoas simpáticas, disse que «tá bem, vou tentar».

Como é óbvio, exactamente 0,28 segundos mais tarde estava a trincar o lábio e a chamar nomes a mim próprio...

O pior é que ainda não tinha tido oportunidade (e ainda não tive) de ver a peça. Tudo o que sabia era que falava de um rapaz surdo e do seu amigo Caramelo, um camelo.

Lá me puz ao trabalho e, voilá! Logicamente, recorri a referências (sim, o que é que achavam? Que passo a vida a desenhar camelos?).

O desenho está um pouco detalhado demais, visto que as marionetas do «Palavras de Caramelo» são muito simples (e mágicas por isso mesmo). Mas estou contente.


Já agora, aqui fica o desenho a preto e branco,
como estava antes de ser adaptado à palete de cores da folha de sala pelo espectacular departamento gráfico do CCB.

Espero que gostem.

Se tudo correr bem, vou ter mais um «rabisco ao calhas (mas pouco)» muito em breve.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Pantufalic, ou O Destino dos BEDOLE

Esta é uma história que me tem martelado o cérebro há já algum tempo. Não me lembro se a sonhei ou se surgiu por combustão espontânea...
Aqui vai:
Era uma vez uma espécie bípede bastante estúpida dada a ocasionais (para não dizer raros) laivos de esperteza.
No início, os membros desta espécie eram como os restantes animais do planeta que habitavam. Faziam parte do ecossistema. Nasciam, comiam, morriam, eram comidos...
Até que, um dia, um raio atingiu uma árvore e incendiou a floresta onde, alguns segundos antes, a dita árvore tentava tranquilamente apanhar as gotinhas de chuva que batiam nas suas folhas. Um membro dos Bípedes Estúpidos Dados a Ocasionais Laivos de Esperteza (daqui em diante referidos por BEDOLE) que por lá passava chamuscou os pelos do rabo enquanto fugia e, involuntariamente, levou para casa uma grande descoberta: o fogo!
Com o primeiro avanço tecnológico da história, os BEDOLE descobriram que podiam proteger-se contra o frio, afastar predadores, queimar madeira, fazer armas, arranjar uns almocinhos mais saborosos, fazer armas, cozer barro, fazer armas, fundir metais, fazer armas, etc., etc... ah, e fazer armas.
Os séculos passaram e, orgulhosamente, os BEDOLE fizeram da estupidez a sua maior e mais duradoura tradição.
Até que, um dia, um raio atingiu o papagaio de papel lançado por um BEDOLE que era dado a laivos de esperteza mais frequentes do que a maioria dos restantes bípedes estúpidos.
Meio abananado pelo safanão e ainda agarrado à linha que, alguns segundos antes, prendia o papagaio de papel, levantou-se do chão. Sacudiu o casaco, poliu as fivelas dos sapatos e, com um laivo de esperteza, percebeu que tinha feito uma grande descoberta: a electricidade!
Os BEDOLE ficaram imediatamente apaixonados por este novo avanço e pelas suas infinitas possibilidades. Mas, como bípedes estúpidos que eram, fizeram tudo ao contrário e usaram a descoberta para impulsionar a sua verdadeira paixão que, estupidamente (e, consequentemente, coerente), consistia em trocar, roubar e movimentar grandes quantidades de pequenos rectângulos de papel com imagens de BEDOLE famosos que já estavam mortos.
Aos poucos, começaram a aparecer cabos eléctricos por todo o lado. Cabos, cabinhos e cabões de alta e baixa tensão expandiram-se pelo globo.
Passadas algumas centenas de anos, os BEDOLE já tinham minado todos os recursos de um planeta que se encontrava agora totalmente envolvido em fios eléctricos. Visto do espaço, parecia um enorme novelo de lã.
Até que, um dia, o gato cósmico Pantufalatic chegou ao sistema solar. Ao passar por Mercúrio, ofuscou o sol e lançou o pânico entre os BEDOLE que não estavam à espera de ver um eclipse naquela altura do ano. Ronronou um pouco junto a Vénus antes de se engasgar numa bola de pelo e a cuspir a uma velocidade estonteante em direcção ao sistema Alfa Centauri onde, de um momento para o outro, apareceu um novo planeta.
Foi então que o Pantufalatic viu algo inesperado.
Entre Vénus e Marte, flutuava no vazio do espaço um novelo de lã feito mesmo à sua medida...
O brinquedo ideal.

domingo, 18 de janeiro de 2009

Rabiscos ao calhas #4

Os meus últimos comentários têm sido mais ou menos intercalados. Um leva ao outro, que leva ao outro...

Para não quebrar a corrente, aqui fica um rabisco ao calhas que tem a ver com o meu novo poiso.

Foi feito à vista e, supostamente, está semelhante a uma pessoa conhecida.

Conseguem perceber quem é?

O olho esquerdo da senhora podia estar melhor e a cara ficou mais larga do que deveria, mas o resultado final até não ficou mal.

Comentários?

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Muda de vida

No último post referi que mudei de emprego.

Acho que a maioria (ou pelo menos uma boa parte) de vocês já tem conhecimento da minha nova (e, se tudo correr bem, longa) aventura. Mas, para os que estão "a apanhar chapéus", informo que o meu novo poiso é no CCB.

Pois é. Deixei o jornalismo e atirei-me de cabeça para o mundo da "cóltura".

Desde o passado dia 15 de Dezembro (ena, já faz um mês!), o que vejo da minha mesa é o Jardim das Oliveiras do Centro Cultural de Belém, o rio no plano seguinte e, não muito longe, a ponte 25 de Abril.

A minha mesa, por sua vez, está confortavelmente instalada junto à janela (no lado de dentro, naturalmente) da Fábrica das Artes do CCB. A mesa está tão bem no seu lugar que, às vezes, até range levemente para demonstrar a sua satisfação.

Mas não passo tanto tempo como isso aqui sentado e, tanto quanto sei, a mesa até pode ir fumar um cigarrinho lá fora quando ninguém está a ver.

Bom, vou dando novidades.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Enjoo de ano novo

Xiii... Long time no see...

Como devem calcular, já voltei de São Francisco (há bastante tempo, aliás). E, obviamente, voltei a atacar as teclas dos acentos com nova determinação. WHAHAHAHA!!!!!!!! (para quem não percebeu, isto foi um riso maléfico).

Desde que escrevi o meu último post, muita coisa aconteceu. Mudei de emprego, fui a um casamento, fui a um funeral, passou-se mais um natal, o calendário virou a página de 2008 para 2009... o conflito em Gaza voltou a escalar...

"Conflito a escalar"... não sei bem porquê, mas esta frase deixa-me mal disposto. Ouvimo-la tantas vezes que as palavras já começam a não fazer sentido. É um pouco como repetir incessantemente "guardanapo", "guardanapo", "guardanapo", "guardanapo"...

Enrola-se no cérebro e torna-se um bolo de letras sem significado.

Mas, bem vistas as coisas, "conflito a escalar" é ainda mais difícil de engolir quando se percebe o que quer dizer.

Estou enjoado.