terça-feira, 29 de maio de 2012

Auto-retrato numa bolha, nº2 (ou "O homem que tinha uma cabeça enorme")

Era uma vez um homem que tinha uma cabeça enorme.

Para este cavalheiro macrocéfalo (sim, qualquer senhora do bairro confirmaria que era um "verdadeiro cavalheiro") um dia de trabalho era uma canseira (ainda mais do que para todas as outras pessoas, quero eu dizer). O pescoço do comum dos mortais não está preparado para aguentar tremendo peso durante tanto tempo e o Homem que Tinha uma Cabeça Enorme (daqui em diante referido como HoQTuCE) tinha a frequente necessidade de fazer pausas, comunicando aos colegas que "já volto. Vou só descansar a cabeça".

Ao longo dos anos, o HoQTuCE foi tentando vários métodos para reduzir o esforço necessário para suportar o seu crânio de proporções gigantescas: Primeiro experimentou colocar varas entaladas entre os ombros e as orelhas, mas rapidamente percebeu que não funcionava porque, além de incómodo, este sistema era altamente falível. As varas caíam sempre que alguém lhe fazia uma pergunta que implicasse acenar com a cabeça e isso resultava invariavelmente numa valente cabeçada. Entre esta e várias outras tentativas, o HoQTuCE chegou mesmo a experimentar inalar hélio para fazer a cabeça flutuar, mas isso só fez com que ficasse com a voz muito aguda e com que durante algumas semanas passasse a ser conhecido como "o agudo cabeçudo".

Mas o HoQTuCE não era senhor para desistir. Depois de muito trabalho e dedicação conseguiu convencer/chantagear o Presidente dos EUA e o director da NASA para que voltassem a activar (secretamente) o programa lunar e tornou-se o primeiro macrocéfalo a viajar no espaço.

Actualmente, o HoQTuCE vive tranquilamente numa base secreta na Lua onde passa os dias a ler e a ver filmes mudos com os seus cinco gatos (também eles os primeiros felinos astronautas).

2 comentários:

Baléu disse...

Andas mesmo a tomar ácidos, pronto... :-)

Manuel Ruas Moreira disse...

Isto sou eu sem ácidos.

Na verdade, tenho medo de tomar ácidos, dar de cara com Deus, descobrir que afinal Deus sou eu e activar um paradoxo existencial.

Seria qualquer coisa deste género: Se não acredito em Deus, logo não acredito na minha própria existência. Se sou todo poderoso e não acredito que existo, então... Puf! Desapareço numa nuvem de fumo.