Esta é uma história que me tem martelado o cérebro há já algum tempo. Não me lembro se a sonhei ou se surgiu por combustão espontânea...
Aqui vai:
Era uma vez uma espécie bípede bastante estúpida dada a ocasionais (para não dizer raros) laivos de esperteza.
No início, os membros desta espécie eram como os restantes animais do planeta que habitavam. Faziam parte do ecossistema. Nasciam, comiam, morriam, eram comidos...
Até que, um dia, um raio atingiu uma árvore e incendiou a floresta onde, alguns segundos antes, a dita árvore tentava tranquilamente apanhar as gotinhas de chuva que batiam nas suas folhas. Um membro dos Bípedes Estúpidos Dados a Ocasionais Laivos de Esperteza (daqui em diante referidos por BEDOLE) que por lá passava chamuscou os pelos do rabo enquanto fugia e, involuntariamente, levou para casa uma grande descoberta: o fogo!
Com o primeiro avanço tecnológico da história, os BEDOLE descobriram que podiam proteger-se contra o frio, afastar predadores, queimar madeira, fazer armas, arranjar uns almocinhos mais saborosos, fazer armas, cozer barro, fazer armas, fundir metais, fazer armas, etc., etc... ah, e fazer armas.
Os séculos passaram e, orgulhosamente, os BEDOLE fizeram da estupidez a sua maior e mais duradoura tradição.
Até que, um dia, um raio atingiu o papagaio de papel lançado por um BEDOLE que era dado a laivos de esperteza mais frequentes do que a maioria dos restantes bípedes estúpidos.
Meio abananado pelo safanão e ainda agarrado à linha que, alguns segundos antes, prendia o papagaio de papel, levantou-se do chão. Sacudiu o casaco, poliu as fivelas dos sapatos e, com um laivo de esperteza, percebeu que tinha feito uma grande descoberta: a electricidade!
Os BEDOLE ficaram imediatamente apaixonados por este novo avanço e pelas suas infinitas possibilidades. Mas, como bípedes estúpidos que eram, fizeram tudo ao contrário e usaram a descoberta para impulsionar a sua verdadeira paixão que, estupidamente (e, consequentemente, coerente), consistia em trocar, roubar e movimentar grandes quantidades de pequenos rectângulos de papel com imagens de BEDOLE famosos que já estavam mortos.
Aos poucos, começaram a aparecer cabos eléctricos por todo o lado. Cabos, cabinhos e cabões de alta e baixa tensão expandiram-se pelo globo.
Passadas algumas centenas de anos, os BEDOLE já tinham minado todos os recursos de um planeta que se encontrava agora totalmente envolvido em fios eléctricos. Visto do espaço, parecia um enorme novelo de lã.
Até que, um dia, o gato cósmico Pantufalatic chegou ao sistema solar. Ao passar por Mercúrio, ofuscou o sol e lançou o pânico entre os BEDOLE que não estavam à espera de ver um eclipse naquela altura do ano. Ronronou um pouco junto a Vénus antes de se engasgar numa bola de pelo e a cuspir a uma velocidade estonteante em direcção ao sistema Alfa Centauri onde, de um momento para o outro, apareceu um novo planeta.
Foi então que o Pantufalatic viu algo inesperado.
Entre Vénus e Marte, flutuava no vazio do espaço um novelo de lã feito mesmo à sua medida...
O brinquedo ideal.
1 comentário:
Liiiindo! O termo BEDOL é genial! E em relação ao gatinho... quem não quer morar naquele novelo de fios electricos quando o Pantufalic o encontrar, sou eu. :)
Beijoooooooooooo
Inês
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